quarta-feira, 20 de março de 2013

Sobre o livro "anticancro" de David Servan-Schreiber

O livro "anticancro" (primeira edição em 2008), de David Servan-Schreiber, serviu-me de alerta em relação a diversas matérias, não só directamente relacionadas com o cancro em si mas também com o dia-a-dia, a importância do exercício físico, da alimentação, ou do bem-estar emocional, os três factores que o autor destaca como sendo essenciais não só para combater ou evitar o cancro, como para melhorar o nosso "estilo de vida".


Decidi escrever este texto para reforçar a ideia de que todos vocês, que chegaram a este blogue, devem ler este livro. Aconselho-o vivamente a todos os meus amigos, não me canso de o fazer, tenham ou não qualquer historial de cancro. 

Na introdução da última edição, o autor, um neuropsiquiatra da área da investigação - que 17 anos antes da edição do livro descobriu, por mero acaso, um tumor no cérebro que não tinha progonóstico promissor - explica como usou os seus conhecimentos enquanto médico e investigador para encontrar na literatura científica tudo o que o poderia ajudar a superar o que as estatísticas lhe concediam.

Depois da publicação de "anticancro" em 35 línguas e em quase 50 países, e depois de mais de 1 milhão de exemplares vendidos, a sua convicção é de que podemos, qualquer um de nós, reforçar significativamente as defesas naturais do nosso organismo com a adopção de simples regras, explicadas no livro, o que foi confirmado por novos estudos realizados desde então.

Em 2007, o Fundo Mundial de Investigação contra o Cancro publicou um importante relatório de 517 páginas. Tal como "anticancro", este documento conclui que pelo menos 40% dos cancros podem ser prevenidos com simples alterações na alimentação e na actividade física (para não falar de factores ambientais).

Dois importantes estudos epidemiológicos, um deles realizado ao longo de doze anos em onze países europeus (estudo HALE) e outro numa única região do Reino Unido (20.000 pessoas seguidas durante 11 anos), registaram resultados ainda mais expressivos: uma redução superior a 60% na taxa de mortalidade por cancro ao longo do estudo nas pessoas que adoptaram um estilo de vida mais saudável.

Por exemplo, a importância de limitar o consumo de açúcar refinado e de farinhas brancas foi confirmada por uma nova análise do grande estudo americano Women's Health Study. Este estudo demonstrou que a relação entre a obesidade e o cancro da mama depende directamente no nível de insulina no sangue e, por conseguinte, do nível de açúcar na alimentação. O estudo revelou também que o açúcar pode contribuir mais para o aparecimento do cancro do que a terapia de substituição hormonal.

Na Europa, o professor Jean-Marie Andrieu, que dirige o Serviço de Oncologia do Hospital Europeu Georges Pompidou, e que descobriu uma promissora vacina contra a Sida, disse ao jornal Le Monde: "Aprendi muito com este livro. E sabem uma coisa? Mudei a minha alimentação e já emagreci seis quilos."

O autor do livro explica que existe um cancro adormecido em cada um de nós. À semelhança de todos os seres vivos, o nosso organismo produz constantemente células defeituosas. É assim que surgem os tumores. Mas o nosso organismo também está equipado com mecanismos que detectam e controlam essas células. São esses mecanismos que devemos activar, reforçando o sistema imunitário e combatendo o processo inflamatório. 

No Ocidente, uma pessoa em cada quatro morrerá de cancro, mas três em cada quatro não. Os seus mecanismos de defesa entrarão em acção e morrerão de outras causas. São esses mecanismos que o livro ensina a melhorar. Eis o que o autor aprendeu: se todos nós temos um potencial cancro adormecido, cada um de nós tem também um organismo para lutar contra o processo de desenvolvimento de tumores. Cabe a cada um de nós reforçar as defesas naturais do nosso organismo para que este esteja equilibrado e pronto não apenas para prevenir como para participar numa eventual batalha.

Com citações e adaptações do livro anticancro de David Servan-Schreiber