Embora os estudos em animais e as sondagens epidemológicas em seres humanos não constituam prova, fornecem fortes indícios. Sugerem que, perturbando o equilíbrio da nossa alimentação, criamos as condições ideais para o desenvolvimento do cancro. Se aceitarmos que o seu crescimento é estimulado, em grande medida, pelas toxinas do nosso meio, para combater o cancro temos de começar por desintoxicar o que comemos.
Perante tantos indícios nesse sentido, aqui ficam algumas recomendações simples para abrandar o desenvolvimento do cancro:
Reduzir o consumo de açúcar e farinhas refinadas
- Substituí-los por néctar de agave ou mel de acácia (baixos em índice glicémico) para adoçar, farinha de mistura para as massas e pão, ou pão de mistura ou feito com fermento tradicional (massa azeda). Para mais informação consulte os seguintes artigos já publicados neste blogue: "Alimentos a evitar no combate ao cancro (devido ao seu elevado índice glicémico)" e "O cancro alimenta-se de açúcar".
- O World Cancer Research Fund recomenda que se limite o consumo de carne vermelha e de produtos de carne de porco no máximo a 500g por semana, sendo o ideal 300g ou menos;
- Evitar todas as "gorduras trans" mas também todas as gorduras animais, carregadas de Ómega-6. O azeite e o óleo de canola são excelentes gorduras vegetais que não contribuem para o processo inflamatório. A manteiga (não margarina) e alguns queijos equilibrados em Ómega-3 também podem ajudar a evitar o referido processo inflamatório.
Os ácidos gordos Ómega-3 (seguir o link para mais informação) estão presentes nos produtos biológicos provenientes de animais alimentados em pastos naturais ou cuja alimentação inclui a linhaça. Deveríamos optar sistematicamente por esses lípidos, que ajudam o nosso organismo a combater as mais variadas doenças. Ao fazê-lo, ajudaremos também a devolver uma alimentação muito mais saudável aos animais que fazem parte da nossa cadeia alimentar. Como benefício colateral, ajudaremos a diminuir a nossa dependência dos campos de milho e soja necessários para as rações dos animais. O milho e a soja consomem mais água, fertilizantes e pesticidas que contaminam mais o ambiente do que a maior parte das outras culturas.
Finalmente, para concluir um programa de desintoxicação, temos de nos proteger de outro fenómeno prejudicial associado ao alastramento do cancro no Ocidente: o aumento de químicos cancerígenos no meio que nos rodeia. À semelhança do aumento do consumo de açúcar e da rápida deterioração da proporção de Ómega-3/Ómega-6, o aparecimento destas substâncias tóxicas é um fenómeno radicalmente novo. Também ele remonta à II Guerra Mundial. A produção anual de químicos sintéticos aumentou de um milhão de toneladas em 1930 para 200 milhões de toneladas nos anos 90.»
Retirado do livro anticancro do médico David Servan-Schreiber